EDNote: and with original, at bottom, provided also by Jansy Mello.

-------- Original Message --------
Subject: sighting resending with more complete translation
Date: Sat, 9 Jan 2010 11:55:50 -0200
From: Juliana Falcão <jubsjuju@gmail.com>
To: nabokv-l@utk.edu


Dear List SIGHTING
Definitely haunted by Nabokov!
Waiting in the hall of a hotel I opened a local newspaper (ZERO
HORA,2010, Jan.7) and there was an article " With or Without Abyss" by
humorist Luiz Fernando Verissimo quoting VN.
In a rough translation:
Paraphrasing Nabokov,Verissimo holds that a writer has to keep
himself on the fringe of parody and bordering an abyss of seriousness
to balance truth and caricature. For Verissimo Nabokov was the best
example of this procedure, one that shows the way of post-modernity -
even though Nabokov himself was the first to reject this label.
Before Nabokov only Graham Green had been able to achieve such a
balance between seriousness and the divertissement. For Verissimo
Woody Allen tried to cultivate both humor and seriousness but most
often his movies fell into the abyss of suffering humanity, only
redeemed by the joke that has everyone die in the end. Followin g a
Nabokovian trend modern writers search for the same kind of
equilibrium when humor never ignores the abyss.
Jansy Mello





-------- Original Message --------
Subject: Aeternus:Escrita na era da Internet - de Jansy
Date: Fri, 8 Jan 2010 10:59:40 -0200
From: celybertolucci <celybertolucci@uol.com.br>
To: nabokv-l@utk.edu
References: <E1NTCmJ-0004ow-4H@hx4.hostseguro.com>






Mensagem original
De: mailer@aetern.us
Para:
Cópia:
Assunto: [Aeternus:Escrita na era da Internet]gallego, me faz um favor, ou Cyro...
Enviada: 08/01/2010 09:13




De:
Visitante
Para:
Lista Aeternus (Escrita na era da Internet)
Titulo:
gallego, me faz um favor, ou Cyro...

Mensagem:

Alguém pode enviar o material abaixo para nabokv-l@utk.edu em meu nome? Atenção, em nabokv falta o o propositalmente.  
OPINIÃO
originalmente Zero Hora Jan.7, 2010, Porto Alegre
Com ou sem abismo
VERISSIMO
Um personagem do Vladimir Nabokov diz que o escritor deve manter-se sempre "à beira da paródia", mas tendo do outro lado "um abismo de seriedade", e deve saber equilibrar-se neste estreito caminho "entre a verdade e sua caricatura". O próprio Nabokov foi quem melhor seguiu o conselho do seu personagem, que também serve como uma receita para o pós-moderno, embora Nabokov fosse o primeiro a rejeitar o rótulo. Em muitos dos seus textos, culminando com "Lolita", em que o narrador Humbert Humbert faz uma autocaricatura trágica, Nabokov soube manter o equilíbrio, não caindo nem no vazio do puro humor nem no vazio do outro lado. O resultado é que nunca se viu alguém fazer piruetas tão engraçadas na borda de um abismo.

Antes de Nabokov, não muitos tinham tentado a proeza. Graham Greene dividiu sua obra em duas categorias, os romances sérios, marcados pelos tormentos sobre pecado e remissão de um católico relapso e pelas suas preocupações políticas, e os que ele chamava de "divertimentos" e eram apenas isto, livros divertidos. Foi uma maneira de Greene escapar da rotulagem da crítica, e também de escapar do abismo. A verdadeira divisão da sua literatura é um pouco como a que divide as águas minerais, no caso "com abismo" ou "sem abismo".

Woody Allen, em alguns dos seus filmes, tentou misturar humor e seriedade sem que uma coisa "corresse" na outra como tintas numa aquarela. Mas — fora o fato de que o personagem Woody Allen é sempre um angustiado com condição humana e portanto já caiu no abismo — ele prefere manter a separação. Comédia é comédia, mesmo que a maior piada de todas seja que no fim a gente morre.

Já na literatura atual (ou& ccedil;o dizer, não tenho lido nada) tem muita gente seguindo a trilha nabokoviana, ou fazendo humor sem dispensar o abismo. Um pouco, imagino, porque, como tudo já foi feito em literatura, uma certa dose de paródia, mesmo não intencional , é inevitável. E um pouco porque até os "divertimentos" mais descomprometidos agora precisem de um centro de gravidade (estão usando muito a palavra "gravitas") para serem pelo menos mais respeitáveis. O fato é que hoje quase todos que escrevem são equilibristas.

NOVIDADE
(Da série "Poesia numa hora destas?!")
Queremos truques novos, nada com cartas ou lenços ou focas jogando bola. Rápido: um coelho tire um mágico da cartola!



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