EDNote: and with original, at bottom, provided also by Jansy Mello.
-------- Original Message --------
Dear List SIGHTING
Definitely haunted by Nabokov!
Waiting in the hall of a hotel I opened a local newspaper (ZERO
HORA,2010, Jan.7) and there was an article " With or Without Abyss" by
humorist Luiz Fernando Verissimo quoting VN.
In a rough translation:
Paraphrasing Nabokov,Verissimo holds that a writer has to keep
himself on the fringe of parody and bordering an abyss of seriousness
to balance truth and caricature. For Verissimo Nabokov was the best
example of this procedure, one that shows the way of post-modernity -
even though Nabokov himself was the first to reject this label.
Before Nabokov only Graham Green had been able to achieve such a
balance between seriousness and the divertissement. For Verissimo
Woody Allen tried to cultivate both humor and seriousness but most
often his movies fell into the abyss of suffering humanity, only
redeemed by the joke that has everyone die in the end. Followin g a
Nabokovian trend modern writers search for the same kind of
equilibrium when humor never ignores the abyss.
Jansy Mello
-------- Original Message --------
Mensagem
original
De: mailer@aetern.us
Para:
Cópia:
Assunto: [Aeternus:Escrita na era da
Internet]gallego, me faz um favor, ou Cyro...
Enviada: 08/01/2010 09:13
De:
Visitante
Para:
Lista Aeternus (Escrita na era da Internet)
Titulo:
gallego, me faz um favor, ou Cyro...
Mensagem:
Alguém pode enviar o material abaixo para nabokv-l@utk.edu
em meu nome? Atenção, em nabokv falta o o propositalmente.
OPINIÃO
originalmente Zero Hora Jan.7, 2010, Porto Alegre
Com ou sem abismo
VERISSIMO
Um personagem do Vladimir Nabokov diz que o escritor deve manter-se
sempre "à beira da paródia", mas tendo do outro lado "um abismo de
seriedade", e deve saber equilibrar-se neste estreito caminho "entre a
verdade e sua caricatura". O próprio Nabokov foi quem melhor seguiu o
conselho do seu personagem, que também serve como uma receita para o
pós-moderno, embora Nabokov fosse o primeiro a rejeitar o rótulo. Em
muitos dos seus textos, culminando com "Lolita", em que o narrador
Humbert Humbert faz uma autocaricatura trágica, Nabokov soube manter o
equilíbrio, não caindo nem no vazio do puro humor nem no vazio do outro
lado. O resultado é que nunca se viu alguém fazer piruetas tão
engraçadas na borda de um abismo.
Antes de Nabokov, não muitos
tinham tentado a proeza. Graham Greene dividiu sua obra em duas
categorias, os romances sérios, marcados pelos tormentos sobre pecado e
remissão de um católico relapso e pelas suas preocupações políticas, e
os que ele chamava de "divertimentos" e eram apenas isto, livros
divertidos. Foi uma maneira de Greene escapar da rotulagem da crítica,
e também de escapar do abismo. A verdadeira divisão da sua literatura é
um pouco como a que divide as águas minerais, no caso "com abismo" ou
"sem abismo".
Woody
Allen, em alguns dos seus filmes, tentou misturar humor e seriedade sem
que uma coisa "corresse" na outra como tintas numa aquarela. Mas — fora
o fato de que o personagem Woody Allen é sempre um angustiado com
condição humana e portanto já caiu no abismo — ele prefere manter a
separação. Comédia é comédia, mesmo que a maior piada de todas seja que
no fim a gente morre.
Já na literatura atual (ou& ccedil;o
dizer, não tenho lido nada) tem muita gente seguindo a trilha
nabokoviana, ou fazendo humor sem dispensar o abismo. Um pouco,
imagino, porque, como tudo já foi feito em literatura, uma certa dose
de paródia, mesmo não intencional , é inevitável. E um pouco porque até
os "divertimentos" mais descomprometidos agora precisem de um centro de
gravidade (estão usando muito a palavra "gravitas") para serem pelo
menos mais respeitáveis. O fato é que hoje quase todos que escrevem são
equilibristas.
NOVIDADE
(Da série "Poesia numa hora destas?!")
Queremos truques novos, nada com cartas ou lenços ou focas jogando
bola. Rápido: um coelho tire um mágico da cartola!
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